Editado por Crislaine Pinheiro.

Bertha Lutz

Bertha Lutz (1894-1976) / Foto de arquivo - ONU

Cientista, líder feminista e política paulista. É uma das pioneiras da luta pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no país.

Nascida na cidade de São Paulo, filha da enfermeira inglesa Amy Fowler e do médico e cientista Adolfo Lutz conhecido como o pioneiro da Medicina Tropical. Formou – se em Ciências naturais na Universidade Surbonne, em Paris, se especializando em anfíbios anuros, subclasse que inclui sapos, as rãs e as pererecas.E também em 1933 formou-se em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro ( atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ).

Foi educada na Europa, onde entrou em contato com a campanha sufragista inglesa. E trouxe esse movimento com ela em 1918, quando retornou para o Rio de Janeiro.

Em 1919, Bertha se tornou a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro, foi aprovada no concurso do Museu Nacional, no rio de Janeiro. Mas o seu ingresso foi contestado pelos concorrentes que não admitia que uma mulher ficasse com a vaga, Ela só assumiu o cargo após um parecer jurídico favorável. Atuou por 46 anos. No mesmo ano se empenhou na luta pelo o voto feminino e criou, a liga para a Emancipação Intelectual da Mulher. Mais tarde, com a adesão de outros estados e demandas, formou-se a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). A FBPF lutava pelo voto, pela escolha do domicílio e trabalho sem autorização dos maridos.

Em 1922, Bertha esteve na Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, e foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana das Mulheres. Um ano depois já estava na Conferência Internacional da Mulher, em Roma, e, em 1925, esteve na Conferência Pan-Americana da Mulher, em Washington. 

As sufragistas brasileiras, lideradas por Bertha, iam atrás de parlamentares que era favoráveis ao voto feminino e os pressionavam com abaixo-assinados, recortes de jornal, memoriais,cartões de votos, entre vários tipo de propaganda.

Com Getúlio Vargas no poder, que era simpático à causa, o direito ao voto sairia do papel. Em 1931, Getúlio concedeu voto limitado às mulheres e em 1932 assinou o decreto que classificava como eleitores todas as pessoas maiores de 21 anos, sem distinção de gênero.

Candidata, em 1933, a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, Lutz     obteve a primeira suplência no pleito seguinte e assumiu o mandato de deputada na Câmara Federal em julho de 1936, em decorrência da morte do titular.

Durante seu mandato, defendeu a mudança da legislação referente ao trabalho da mulher e dos menores de idade, propondo a igualdade salarial, a licença de três meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas. 

Bertha Lutz durante os trabalhos da Conferência de São Francisco - 1945/ Crédito da foto - arquivo ONU

Em 1945, foi  a única mulher da delegação brasileira e uma de um total de quatro mulheres delegadas de um total de 850 na Conferência de São Francisco para participar da redação da Carta das Nações Unidas. Mais uma vez, assegurou que menções à igualdade de gênero fossem incluídas no documento.

Depois de sua participação na Conferência de São Francisco e seu destaque na luta pelos direitos da mulheres, foi convidada, em 1975, Ano Internacional da Mulher estabelecido pela ONU, a integrar a delegação brasileira ao primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na Cidade do México.

Mesmo com toda a dedicação à política e ativismo, Bertha nunca abandonou a pesquisa, e descobriu uma nova espécie de sapos, o Paratelmatobius lutzii, conhecido como “Lutz’s rapids frog”. No mundo das ciências, Bertha reuniu coleções botânicas, especializou-se em anfíbios anuros ( sapos, rãs e pererecas, excluindo as salamandras), deu continuidade a algumas pesquisas de seu pai, estudou métodos de divulgação e técnicas de preparo e organização de mostruários de museus de história natural e organização de hortos botânicos. Bertha também seria uma das pioneiras ambientalistas, falando da degradação do patrimônio ambiental brasileiro.

Bertha Lutz faleceu no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1976, aos 84 anos.

“Para a mulher vencer na vida, ela tem que se atirar. Se erra uma vez, tem que tentar outras cem”. – Bertha Lutz.

Referências:

  • Revista Galileu – Edição 332 Março de 2019.
  • https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-biografia-politica-bertha-lutz.phtml
  • http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/plano-nacional-de-acao-sobre-mulheres-paz-e-seguranca/14884-bertha-lutz
  • https://www.sohistoria.com.br/biografias/berta/