Crislaine Moraes Pinheiro

A revolta da vacina

Atualmente, um dos assuntos mais discutidos e estudados é a vacina. Hoje, ela já está disponível, porém, uma parte da população questiona a eficácia e/ou rejeita o uso dela. Na história do nosso país já tivemos casos assim.

No fim do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro tinha saneamento básico precário sendo foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. No porto carioca o fluxo de navios estrangeiros foi diminuindo devido ao medo das doenças. Contudo, ainda dezenas de imigrantes morriam de doenças infecciosas.

Nesse período, o médico Oswaldo Cruz, então responsável pelo saneamento básico do RJ, iniciou seu programa de saneamento. Para combater a peste, ele criou brigadas sanitárias pela cidade espalhando raticidas, removendo lixos. Em seguida, o foco foram os mosquitos que transmitiam a febre amarela. E, por fim, restava o combate à varíola. Foi, então, instituída a lei de vacinação obrigatória. Oprimida pelo poder público, a população não acreditava na eficácia da vacina e isso foi o estopim para que o povo se revoltasse. Durante o período de 10 a 16 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro, que tinha sido recém reconstruída, se tornou numa praça de guerra.

Após duas semanas de conflitos, Rodrigues Alves (atual presidente) se viu obrigado a desistir da vacinação obrigatória. “Todos saíram perdendo. Os revoltosos foram castigados pelo governo e pela varíola. A vacinação vinha crescendo e despencou, depois da tentativa de torná-la obrigatória. A ação do governo foi desastrada e desastrosa, porque interrompeu um movimento ascendente de adesão à vacina, explica o historiador Jaime Benchimol. Mais tarde, em 1908, quando o Rio foi atingido pela mais violenta epidemia de varíola de sua história, o povo correu para ser vacinado, em um episódio avesso à Revolta da Vacina.

Hoje, vivemos o pior momento da pandemia de Covid-19 e muitas pessoas ainda desacreditam da eficácia da vacina, método que, até agora, tem-se mostrado mais eficiente no evitamento de óbitos, juntamente ao uso de máscara, isolamento e distanciamento social. Já há dados científicos suficientes validando a vacina. Tem-se por exemplo o Distrito Federal que desde o começo da vacinação no grupo prioritário, caiu em 106% de internações em UTI.

História também é ciência.

Referências:
https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina.
https://atlas.fgv.br/verbetes/revolta-da-vacina
http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/revolta.html