O que é ciência? #2

Segundo Michel Blay, a ciência é “o conhecimento claro e evidente de algo, fundado quer sobre princípios evidentes e demonstrações, quer sobre raciocínios experimentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dos fatos humanos”. Esta definição permite distinguir os três tipos de ciência: as ciências formais, compreendendo a Matemática e as ciências matemáticas como a estatística; as ciências físico-químicas e experimentais (ciências da natureza e da terra como a física, química, biologia, medicina); e as ciências sociais, que ocupam-se do Homem, de sua história, do seu comportamento, da língua, do social, do psicológico e da política, entre outros.

Estritamente a ciência é única: se um corpo de conhecimento é produzido mediante os rigores do método científico, isso é ciência, em caso contrário, bastando para tal transcender em qualquer ponto o método científico, não é.
A ciência é única também ao considerar-se o conjunto de evidências (fatos) sobre o qual trabalha. Embora seja comum priorizar-se ou destacar-se o subconjunto de fatos mais pertinentes a um problema ou área de estudo em particular, uma hipótese científica, para ser aceita com valor lógico verdadeiro no paradigma científico válido, deve estar em acordo com todos os fatos científicos conhecidos à época em consideração.

As condições impostas sobre as hipóteses implicam não apenas que o conjunto de todas as hipóteses de uma teoria científica estejam necessariamente harmônicas com o conjunto de todos os fatos conhecidos, como também implicam a necessidade de harmonizar estas, e as diversas teorias de um paradigma válido, quaisquer que sejam, entre si. Se divergências forem verificadas, as respectivas teorias encontram-se impelidas a evoluir, portanto se tornam inválidas.


Por Mateus S. de oliveira, Físico.

Fontes:
Popper, Karl. (1996). A Lógica da Pesquisa Científica. SP. Ed. Cultrix.

Blay, Michel. Dir. Dictionnaire des concepts philosophiques