(1919 – 2013)

Jane Cooke Wright foi uma médica oncologista de etnia afro-americana, pioneira no desenvolvimento da quimioterapia. Neta de um ex escravo e filha de um dos primeiros negros a se graduarem em medicina em Harvard e o primeiro médico negro indicado para a equipe de um hospital da cidade de Nova Iorque. Uma família de médicos que desafiou as barreiras raciais em uma profissão até então dominada por homens brancos.

No incio e meados do século XX, o câncer era tipicamente tratado com uma combinação de cirurgia e radioterapia (aplicação de energia/radiações ionizantes diretamente no local do tumor). No entanto, embora muitas vezes eficazes, por inúmeras razões, alguns tumores são inoperantes e resistentes a radiação. Estes foram as melhores opções de tratamentos disponíveis por muito tempo.

Depois de se formar em 1945 na New York Medical College, começou a carreira na pesquisa sobre o câncer, trabalhando com seu pai no Harlem Hospital.

Pesquisavam tratamentos para a doença em um momento em que a oncologia era uma especialidade cirúrgica.

Jane desenvolveu técnicas para abordar o tratamento do câncer, que poupava tempo. Em vez de testar os quimioterápicos diretamente nos pacientes, Jane testava apenas amostras de seus tecidos cancerosos. Isso lhe permitia criar prontamente o tratamento mais eficaz. Também encontrou um modo de tratar tumores de difíceis acesso. Em vez de remoção cirúrgica de todos os tumores, que poderia acontecer a remoção de órgãos inteiros, desenvolveu um modo menos invasivo de se levar os quimioterápicos exatamente a algumas áreas do corpo por meio de um cateter.

Jane faleceu no dia 19 de fevereiro de 2013 em sua casa em Guttenberg, Nova Jersey, EUA. Ela sofria de demência e tinha 93 anos.

Em tempos que quase não se via médicos afro-americanos e ainda menos mulheres, Jane tornou-se uma líder na área da oncologia. Ela foi cofundadora da American Society of Clinical Oncology (ASCO)e reitora associada da New York Medical College. Ela também foi a primeira mulher a ser presidente da New York Cancer Society.

“A ciência tem sido historicamente construída como uma disciplina masculina branca e permanece hostil às mulheres, principalmente às mulheres de cor, apesar do número crescente de mulheres que escolhem a profissão. A carreira de Drª Wright tem muitas das mesmas qualidades que nos ajudam a lembrar homens conhecidos da ciência, como a engenhosidade de Stephen Hawking ou a inovação de Nikola Tesla, mas ela não recebe o mesmo reconhecimento. Drª Wright estava na vanguarda da pesquisa sobre o câncer, mas o público se contentou em esquecê-la, contradizendo o refrão popular de que, se as mulheres cientistas realmente são iguais aos homens, suas realizações falariam por si mesmas e nós as reconheceríamos. Sua ambição, caráter e intelecto não devem ser apagados por causa de como pensamos que um cientista deveria parecer. Ela não estava tentando ‘calçar os sapatos de ninguém’ ou se encaixar na estrutura de como deveria ser uma cientista; ela cultivou seu próprio espaço e identidade. Sua história não deve ser ofuscada por um punhado de histórias sobre famosos cientistas masculinos e femininos brancos. Na comunidade de oncologia, Drª Wright é lembrada como uma “visionária” e já é hora de o público reconhecê-la como uma também”.

-Post escrito por Victoria Forster e Elizabeth Wayne. Publicado dia 15 de novembro de 2018 no site The New Inquiry

Referências

www. blogs. unicamp . br/cienciapelosolhosdelas/2019/10/17/celebrando-dra-jane-cooke-wright-cientista-afro-americana-pioneira-no-desenvolvimento-de-quimioterapia-contra-o-cancer/

Revista Galileu ed. 332 Março de 2019

As cientistas – 50 Mulheres que mudaram o mundo Escrito e ilustrado por Rachel Ignotofsky

https://www.jax.org/news-and-insights/jax-blog/2016/november/women-in-science-jane-wright